sábado, 22 de agosto de 2009

Reciclar e preservar

Graças à modernidade, embalagens de papel, plástico, alumínio e até restos orgânicos já podem ser reaproveitados
Elaine Moraes

No Brasil, menos de 2% de todo lixo é reciclado, isso porque não há coleta seletiva na maioria dos municípios, tampouco empresas suficientes para realizar a reciclagem. Cerca de 88% do lixo doméstico no País não recebe tratamento algum, sendo dispostos em lixões a céu aberto. Cada pessoa produz, por dia, aproximadamente 800g de lixo. Uma parte dos resíduos é composta por materiais recicláveis, objetos confeccionados a partir do plástico, metal, vidro e papel. Os dados da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte, SLU, revelam que todo cidadão gera lixo. Uma vez que você produz, também é responsável pelo destino dele. E o problema não termina depois que o gari passa; ele começa justamente aí.
A reciclagem é apontada pelos órgãos ambientais como a solução mais viável para reduzir a produção de lixo. Contudo, a coleta destes materiais, às vezes, é feita com muito sacrifício. Para sobreviver ao desemprego e obter melhor remuneração que o salário mínimo, homens e mulheres vão para lixões catar materiais recicláveis. Os catadores de papel são os pioneiros da coleta seletiva.
Eles buscam no lixo objetos descartáveis da indústria do consumo, como garrafas pet, latinhas de alumínio, caixas de papelão, dentre outros, afim de vendê-los às empresas recicladoras ou "atravessadores", intermediários entre os catadores e as empresas.
Sr. Zezé, como prefere ser chamado, já trabalhou como churrasqueiro. Cozinhar, aliás, é sua paixão, mas o dinheiro não dava para alimentar a família. Trabalhou de pedreiro, mas o que ganhava não era suficiente para construir sua casa. Sr. Zezé decidiu trabalhar então no lixão do Galo, localizado no município de Nova Lima. Ele conseguia por mês R$ 500 com a venda dos materiais recicláveis retirados do lixão. Com este dinheiro, ele levantou sua casa e põe comida na mesa para esposa e filhos. Mas era exposto dia-a-dia ao mau cheiro, ao chorume, líquido tóxico proveniente da decomposição do lixo, infecções e doenças.
A rotina de Sr. Zezé, Benvinda, Valmir, Janaína, Pezão e tantos outros era a mesma todos os dias: acordar ou amanhecer no local e ir catar materiais recicláveis em meio ao lixo, urubus, ratos e insetos. Entre eles, foi possível ver crianças cuja imaginação permitia transformar em brinquedos o entulho lá depositado.
O lixão do Galo foi extinto em 2001. Hoje, os resíduos são depositados de forma adequada no aterro sanitário e os materiais recicláveis são recolhidos por meio da coleta seletiva. Os catadores trabalham no próprio galpão, com direito a uniforme, crachá e, claro, condições dígnas de trabalho. Com o apoio da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Belo Horizonte (Asmare), poder executivo e sociedade civil, a coleta será implantada, gradativamente, em todo Estado. É o que pretende a Asmare.
Ao retirar do lixo convencional materiais recicláveis, os catadores evitam maior gasto dos recursos naturais. A reciclagem de papel diminui o corte de árvores e o reaproveitamento do plástico reduz o consumo de petróleo, por exemplo. O volume de resíduos sólidos nos lixões e aterros sanitários cai consideravelmente e, dessa forma, os locais de destino do lixo têm uma vida útil maior.
Coleta Seletiva
A coleta Seletiva é o processo de separação dos materiais recicláveis: papel, metal, plástico e vidro do lixo. Para a coleta dar certo, a colaboração da população é fundamental. O processo começa em casa, na empresa, nos comércios e nas escolas. Em vez de jogar no lixo a latinha de extrato de tomate, as caixinhas de leite, os vidros de azeitona, os papéis desnecessários, o jornal velho, as embalagens, eles devem ser depositados nos coletores específicos da coleta seletiva. Por exemplo, os materiais feitos de plástico vão para os coletores vermelhos, o metal deve ser depositado no coletor amarelo, o vidro no verde e o papel no azul. A Prefeitura recolhe o material dos coletores e leva para a associação ou para o galpão dos catadores de papel. Lá é realizada a triagem, tudo é compactado, prensado e armazenado à espera dos compradores, as empresas recicladoras.
A adesão da população à coleta seletiva deve ser voluntária. O programa não pode prever a promoção de trocas de qualquer natureza pelos materiais recicláveis. A recompensa pelas ações está na melhoria da qualidade de vida e no sentimento de cidadania. Para conscientizar a comunidade promove-se palestras, atividades lúdicas e campanhas educativas. A mobilização e sensibilização da comunidade é a ação mais complexa de todo o projeto de coleta seletiva.
Compostagem
Mas nem tudo pode ser reaproveitado. Quando isso acontece entra em cena a compostagem. É o processo que transforma a matéria orgânica, como restos de alimentos e plantas, em composto orgânico, mais conhecido como adubo. Em Belo Horizonte, a compostagem é realizada no aterro sanitário localizado na BR040, sob a responsabilidade da Superintendência de Limpeza Urbana, SLU. O adubo produzido no aterro é doado para programas da própria prefeitura, como as hortas comunitárias. As escolas também utilizam o composto em suas hortas. Ele pode ser utilizado em qualquer tipo de cultura, associado ou não a fertilizantes químicos.
A geração do lixo sólido no Brasil atinge cerca de 400 mil toneladas e menos da metade recebe tratamento adequado. A quantidade produzida, em média, no País por cada habitante é 0,7 kg diariamente. Nos grandes centros esse número sobe para 1 kg. Atualmente, o setor de reciclagem brasileiro gasta o valor aproximado de R$ 850 milhões por ano.
Comendo até o caroço
Cascas de frutas, legumes e talos de folhas são nutritivos e podem ser reaproveitados no dia-a-dia. Além de você economizar, irá enriquecer seu cardápio
Apesar de gasta, a máxima "na natureza nada se cria, tudo se transforma" ainda faz sentido, até mesmo no mundo pós-moderno do descartável e dos alimentos transgênicos. "Cientistas experimentam criar alimentos sem caroço, mas mal sabem eles que da fruta que eles gostam eu quero até o caroço. Não me tirem nada", a declaração é da professora Glória Martins. Para ela não tem nada melhor que semente de abóbora torrada para beliscar. "Meu intestino não vive sem caroço de mamão. Minha refeição matinal começa por ele".
Infelizmente nem todo mundo sabe o quanto é nutritivo e "ecologicamente correto" reaproveitar cascas de legumes, frutas e talos de verduras. Geralmente o destino deles é a lata de lixo. A maior parte do lixo doméstico, mais de 50%, é constituído por matéria orgânica, ou seja, restos de alimentos. O desperdício já começa dentro de casa. Enquanto uns jogam fora, não é novidade que no Brasil pessoas morrem de desnutrição. De acordo com a empregada doméstica Geralda Fonseca, ela faz a parte dela ao não permitir que seus filhos larguem comida no prato e aproveitando o máximo que pode dos alimentos. "Eu não gosto de ver comida sobrando, já passei necessidade e não admito que isso aconteça lá em casa".
Para despertar a consciência da população na chamada cozinha alternativa, nutricionistas bolam receitas que visam o total consumo dos alimentos. A mais famosa dessas receitas é a farinha enriquecida utilizada pela Pastoral da Criança na recuperação de crianças desnutridas. A farinha que leva até cascas de ovos ganhou projeção nacional durante o Criança Esperança deste ano. A pediatra Margarete afirma que o valor nutritivo de um alimento pode estar justamente naquilo que descartamos.
Por que fazer Coleta Seletiva?
Porque preserva o meio ambiente.
Porque reduz o volume de lixo nos aterros.
Porque a reciclagem do metal, vidro e plástico propiciam a economia de energia e recursos naturais.
Porque a reciclagem do papel evita o corte de árvores.
Porque geram renda para os catadores e suas famílias.
Reciclar uma tonelada de plástico economiza 130 Kg de petróleo.
Reciclar uma tonelada de vidro reduz em 70% a energia gasta na fabricação do produto.
Reciclar uma tonelada de papel evita o corte de 22 árvores, consome 71% menos de energia e polui 74% menos do que fabricar.
O que pode ser reclicado:
Papel: Jornais, revistas, folhetos, cadernos, papel de embrulho, caixas de papelão, embalagens longa vida, formulários contínuos de computador.
Plástico: Garrafas de refrigerante, produtos de limpeza, potes de margarina, xampu, sacos e embalagens plásticos em geral.
Vidro: De maionese, azeitonas, palmito, leite de coco, pimenta, garrafas de cerveja, vinho e bebidas em geral.
Metal: Latinhas de alumínio, de cerveja e refrigerante, latas de óleo, conservas, tampas, panelas marmitex e objetos metálicos em geral.
O que não pode ser reciclado:
Esponjas de aço, carbono, fita crepe, lixo de banheiro, papel para fax, papéis plastificados, tocos de cigarro, chicletes, cabos de panela, tomadas, papéis de bala, espelhos, panos isopor, lâmpadas, dentre outros.
Decomposição
Quanto tempo os materiais levam para desaparecer da natureza Lixo
Pano 6 meses a 1 ano
Chicletes 5 anos
Madeira Pintada 13 anos
Náilon mais de 30 anos
Borracha indeterminado
Recicláveis
Papel a a 6 meses
Plásticos mais de 100 anos
Metal mais de 100 anos
Vidro mais de 4 mil anos
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Os Dez mandamentos do consumo sustentável

1. Sem consumismo: Evite consumir de maneira exagerada, para assim produzir menos lixo. Reutilize produtos, em vez de usar descartáveis. Encaminhe materiais para reciclagem.

2. Embalagem: Diminua o consumo de produtos embalados, reutilize as embalagens ou, pelo menos, recicle-as.

3. Resíduos: Exija que os governos municipais e e as empresas façam tratamento adequado as resíduos. Por exemplo, a instalação de sistema de coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos; os aterros sanitários; etc.

4. Água: Mude hábitos de consumo, entre eles, o tempo do banho, o costume de escovar os dentes com a torneira aberta. Não use mangueira como vassoura.

5. Energia: Mude hábitos. Troque as lâmpadas por fluorescentes, não deixa a TV, o rádio e o computador ligados sem que esteja usando-os.

6. Vizinhança: Os alimentos devem ser, sempre que possível, adquiridos diretamente do produtor ou do pequeno fornecedor. Isso reduz a necessidade de transporte e, com isso, a emissão de poluentes e a perda de produtos.

7. Alimentos: Dê preferência aos alimentos orgânicos, que não usam agrotóxicos. Não desperdice alimentos. Compre e cozinhe apenas o necessário.

8. Produção local: Organize-se com familiares, amigos e/ou vizinhos em cooperativas de consumo que estimulem a produção sustentável local e regional.

9. Transporte: Vá a pé, de bicicleta ou de transporte coletivo. Caso os ônibus de sua cidade sejam uma lástima, pressione seus governantes por um transporte de qualidade.

10. Fornecedor: Esteja atento se o fabricante tem postura ecologicamente responsável, ou seja, se ele polui o meio ambiente com a sua atividade. Jornal O Globo - Economia - 04/03/07

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BLOG EM CONSTRUÇÃO,
ARTISTA EM CRIAÇÃO!!!

- de lixo ao luxo

- a arte de reciclar....transformar-te